Pelo serviço já se sabe, quando começo a chegar com os meus phones dreads, enormes, enfiados nos ouvidos, a coisa está a entrar em modo: "não me digam nada que eu não chateio ninguém..."
Comprei os phones em pleno covid, quando fomos transformados em UCI para darmos vazão à necessidade urgente de vagas. Não sei quantos kg perdi, não sei como aguentámos, não sei tanta coisa, estou cada vez mais seca por dentro... Sei que quando me apetecia escapar daquela realidade enfiava os meus phones e ouvia música a uma altura que não conseguia ouvir mais nada. Nem apitos, nem alarmes, nem pedidos, nem queixas, nem desespero de uns e de outros, nem nada... Assim entrava, assim saia. Sem querer ouvir nada, nem ninguém, para além da minha música!
Mantenho o hábito, quando fico cansada.
Agora, até Janeiro, vão ser tempos difíceis. São demasiados anos nisto, sem quaisquer benefícios, a não ser perda de qualidade de vida e perda de anos, gastos em manter algo a que a maior parte das pessoas nem dá o devido valor. Vão nos valendo as pessoas que vamos conhecendo, como dizia o meu querido Carlos que já se livrou disto : ganhamos pouco, mas divertimo nos muito! Vou tentando manter o espírito ...
A respeito dos Linkin Park, falava noutro dia em como ainda continuo a gostar, tal como quando era miúda e uma das minhas colegas diz me : "Gostava tanto de os ter visto ao vivo"
😳
Quem és tu e quantos anos tens???? E é isto! A mais nova tem mais 3 anos que o meu mais velho, já tenho idade quase para ser mãe delas e tenho que dar o exemplo
🙄 Eu???
! Pois!
Boa noite e obrigada
Dar o exemplo, eu??? Fonix
Yeah Yo
This is not the end, this is not the beginning Just a voice like a riot rocking every revision But you listen to the tone and the violent rhythm And though the words sound steady, something's empty within 'em
We say, yeah, with fists flying up in the air Like we're holding onto something that's invisible there 'Cause we're living at the mercy of the pain and fear Until we dead it, forget it, let it all disappear
Waiting for the end to come Wishing I had strength to stand This is not what I had planned It's out of my control
Flying at the speed of light Thoughts were spinning in my head So many things were left unsaid It's hard to let you go
I know what it takes to move on (Oh) I know how it feels to lie (Oh) all I wanna do is trade this life for something new (Oh) holding on to what I haven't got
Sitting in an empty room Trying to forget the past This was never meant to last I wish it wasn't so
I know what it takes to move on (Oh) I know how it feels to lie (Oh) all I wanna do is trade this life for something new (Oh) holding on to what I haven't got
Yo, yo What was left when that fire was gone? I thought it felt right, but that right was wrong All caught up in the eye of the storm And trying to figure out what it's like moving on
And I don't even know what kind of things I've said My mouth kept moving, and my mind went dead So, I'm picking up the pieces now where to begin The hardest part of ending is starting again
All I wanna do is trade this life for something new Holding on to what I haven't got
This is not the end, this is not the beginning Just a voice like a riot rocking every revision But you listen to the tone and the violent rhythm Though the words sound steady, something empty's within them We say, yeah, with fists flying up in the air Like we're holding onto something that's invisible there 'Cause we're living at the mercy of the pain and the fear Until we get it, forget it, let it all disappear
Cansada destas noites longas que nunca mais têm fim...
Para hoje, isto :
"
So, so you think you can tell Heaven from hell? Blue skies from pain? Can you tell a green field From a cold steel rail? A smile from a veil? Do you think you can tell?
Did they get you to trade Your heroes for ghosts? Hot ashes for trees? Hot air for a cool breeze? Cold comfort for change? Did you exchange A walk-on part in the war For a leading role in a cage?
How I wish, how I wish you were here We're just two lost souls Swimming in a fish bowl Year after year Running over the same old ground What have we found? The same old fears Wish you were here"
Na verdade, de cada vez que ouço falar em crise, ainda sinto um vislumbre de pânico, um segundo de taquicardia. Depois, felizmente, a minha cabeça, como sempre, comanda o coração e tudo passa. Volto a trancar as memórias da dor física e emocional desse tempo, num lugar bem escondido da vista.
Os meios de comunicação não ajudam e anunciam o regresso do papão sempre que podem. Que país de velhos do Restelo somos nós, as décadas passam e não conseguimos ultrapassar, de forma alguma, esta mania de arautos da desgraça.
Felizmente, as armas com que combato hoje em dia, são completamente diferentes das daquela altura. Quando a crise chegou já eu andava abaixo da linha média das águas do mar e a sobreviver. Sobrevivi. Muito se perdeu. Sobretudo a capacidade de acreditar na beleza da vida. Sobretudo na capacidade de acreditar que tudo vai ficar bem.
Estamos vivos, e isso é o que interessa, e passou a ser, sempre, a boa notícia dos meus dias.
Já se passou uma década. Quem diria, uma década.
Hoje discorro sobre isto, porque de facto, há lições que nunca aprendemos. Filha da geração de ouro dos anos 90, sempre sonhei em ter tudo. A família perfeita, a carreira perfeita, a vida social perfeita.
Com quase meio século de vida, aprendi que o segredo para ser feliz (seja lá isso o que for) é aprender a lidar com a frustração. Porque o caminho é mesmo isso, uma série de pedras, desencontros, perdas e problemas que vamos resolvendo, encaixando e aceitando.
A família deixou de ser perfeita logo no início, os filhos criados, nunca como sonhei, com muito sacrifício e dedicação, mas com grandes falhas, imperdoaveis para mim própria, mas que eles nunca sentiram, porque eles não são o que eu sonhei que seriam, mas o que eles próprios quererão ser. E isso é bom, mas pode gerar frustração. Aprender que o caminho é deles e nós seremos apenas a muleta de suporte é essencial para sermos felizes.Todos.
A carreira nunca foi de sucesso, por falta de tempo para a pensar e muita falta de dinheiro que era preciso ir encontrar em todas as oportunidades. O que acabou por me ensinar que o trabalho dá saúde, mas também pode dar doença e o sucesso é medido na forma como consegues equilibrar o que fazes, com o que gostas de fazer. Sucesso não é dinheiro e dinheiro pode não ser sucesso. O dinheiro esse, acabou por vir de onde sempre veio, que mesmo que me matasse a trabalhar, nunca conseguiria sozinha.
A vida social com "pessoas adultas" e " a fazer coisas da moda" é hoje quase uma obrigação e muito pouco uma satisfação. Acabei por adorar fazer tudo o que os miúdos fazem, porque foi assim que me permiti passar o maior tempo possível com eles. Sou por isso uma adolescente masculina de 45 anos, o que é no mínimo distopico, mas faz me feliz. Deixei de adorar viajar, porque viajar com os miúdos é dispendioso e doloroso, já que não partilham o meu entusiasmo por tudo o que é novo. Até a praia, já não tem o mesmo sabor, desde que fomos invadidos pelo turismo internacional. As lembranças do que era e ver no que se tornou, não foi o que pensei que seria. Há demasiado ruído, nos meus lugares de paz e a moda trás a impraticalidade da vida simples.
E farta de estar em equilíbrio, lembrei me que estava na altura de acabar, o que deixei para trás, e por isso voltei à escola, aos turnos malucos uns atrás dos outros, para poder estagiar, os trabalhos académicos feitos às 3 pancadas, juntamente com o trabalho associativo que adoro fazer.
E, de repente, vejo-me a sentir - me viva, cansada, mas com uma capacidade extraordinária de trabalho, que pensava que já tinha perdido.
Caramba, sou boa nisto do multi-tasking! Ser muito ocupada está me no ADN, com a benesse de agora já não me sentir tão culpada de não estar tanto tempo longe deles, porque, de facto, já não precisam tanto de mim.
" Quando olhas demasiado para um abismo, o abismo toma conta de ti" Nietzsche? Não sei, não me lembro e já não me apetece provar a ninguém coisa nenhuma, nem ir ao Google, só para parecer bem... Mas é de facto uma frase inteligente e que combina comigo. Foi nisto que me tornei.
Dizem - me os amigos chegados, que é uma forma de não sentir, mas julgo-os errados. É assim, ocupada, que me consigo sentir viva, que consigo sentir mais coisas!
O coração esse, não tem já cura, está irremediavelmente perdido 🤣🤣. É altamente improvável que volte a sentir qualquer coisa parecida com paixão: primeiro porque é perigoso, pode levar nos à bancarrota e a muitos desgostos difíceis de superar; depois porque é estatisticamente improvável que consiga, daqui para a frente, encontrar o que não encontrei até aqui. Os padrões serão talvez demasiado elevados e não combinam com a adolescente masculina de 45 anos em que me tornei, mas recuso me a baixar os padrões, porque depois me aborreço facilmente e não gosto de fazer a outros, o que não gosto que me façam a mim.
E assim vai a vida, do outro lado do espelho...
PS: Apesar dos pesares, e como sou do principio da geração Disney, delicio as minhas carências emocionais a ser viciada por séries, sendo que devem haver poucas as plataformas de streaming que me falham... Há sempre uma história de amor que me pode tocar e quem sabe um dia encontrarei a minha...